A primavera sabia, de noite, já a
verão. Cheirava a enigma e soprava mistério. Eu tinha alvoroços dentro do
peito. Fantasmas desassossegados a entrar e a sair. A entupir-me a vista. Tinha
vontades com pressa a esventrar-me a coerência. Caos sem rédeas a empurrar-me
os passos. E o ruído que não se calava…
Há dias em que não estou bem em
lado nenhum!
Talvez fosse o cheiro do mar. Ali
tão perto. Selvagem. Indomável. Tentador. Eu tinha insónias e tumultos. Tinha
tempo vazio. Ar oco. Pés inquietos. Liberdades encarceradas por dentro a forçar-me
os ossos. A fazer exigências.
Há noites em que sufoco dentro de
mim!
Era madrugada. E eu entrei sem
sono. Duas mãos cheias de curiosidade. Imaginação. Um corpo inteiro a mendigar desordem.
Ai! Afinal, o céu não é assim tão longe. Apanhei o voo. Embarquei e o mundo
mudava nas ondas do cesto de um balão. Deixei-me levar, sem saber que, à
aterragem, o chão teria um piso diferente.
Sabia lá eu que o amor era coisa
para durar tanto tempo!
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