15 outubro 2009

correio

Nos dias que correm desenfreados neste Outono ainda com cheiros e tonalidades de Verão houve alguém que me escreveu. Uma carta.
Nela disse-me que eu era uma crónica. De sucessos e fracassos. De medos e inseguranças. Esperanças e sonhos.
Disse-me que eu era uma crónica que alterna sucessivamente entre a determinação de uma carga de cavalaria e a sedução de um tango. Disse-me que por vezes sou estranhamente altiva e arrogante. Noutras maravilhosamente carinhosa, clara, Lisa, Bela.
Disse-me ainda que às vezes lhe apetecia carregar-me ao colo. E noutras apenas acompanhar-me em direcção ao abismo pelo qual me sinto continuamente atraída.
Nunca pensei que alguém tivesse a capacidade de me descrever de forma tão bela. Nunca pensei que alguém me pudesse ver de forma tão singular. Mas sempre soube que me conquistariam com palavras. Escritas, de preferência.
Se eu fosse inteligente, não caminharia ao lado de quem me escreve. Cruzaria mil e uma vezes o seu rumo, perpendicularmente, e aí sim, caminharíamos juntos, de forma não paralela, não linear. Não sendo fácil, seria muito mais bonito.
A quem me escreve dedico "Fix You", dos Coldplay, a letra que sei que teria escrito para mim.