27 fevereiro 2011

pólvora

Piso o risco. Cruzo a margem que opõe o real ao imaginário. Cedo ao irresistível. Resisto ao cauteloso. Afronto os limites. Enveredo por este pântano lamacento de curiosidade e desmazelo.

Revejo as leis do meu universo. Quebro o pacto pouco científico que assinei comigo. Lanço-me na clandestinidade. Desafio-me. Com a mesma destreza com que me abandono. Volto a ser infiel. Traio-me.

Trago os afectos a fervilhar-me na secura da boca. Trago um rastilho explosivo preso à firmeza antagónica das emoções. Bomba-relógio reaccionária que me deixa trôpega e combalida.

Na impossibilidade de derrubar a alma, negligenciada, molesto a carne. Reprimo os pêsames quando os olhos se reviram para um cenário fictício. Enganam-me. E eu finjo.

Descuro as regras que desenhei. E acerto contas com os pecados. Entre as euforias e os desalentos assumo a perda do comando. Renuncio à verticalidade. Sujeito-me à letargia.

Ficarei perto do que sinto ser certo. Até ao dia em que mudar de opinião.

2 comentários:

vera disse...

Lindo.... simplesmente fantástico!

LiSa disse...

Obrigado. E benvinda.
Abraço.