Piso o risco. Cruzo a margem que opõe o real ao imaginário. Cedo ao irresistível. Resisto ao cauteloso. Afronto os limites. Enveredo por este pântano lamacento de curiosidade e desmazelo.
Revejo as leis do meu universo. Quebro o pacto pouco científico que assinei comigo. Lanço-me na clandestinidade. Desafio-me. Com a mesma destreza com que me abandono. Volto a ser infiel. Traio-me.
Trago os afectos a fervilhar-me na secura da boca. Trago um rastilho explosivo preso à firmeza antagónica das emoções. Bomba-relógio reaccionária que me deixa trôpega e combalida.
Na impossibilidade de derrubar a alma, negligenciada, molesto a carne. Reprimo os pêsames quando os olhos se reviram para um cenário fictício. Enganam-me. E eu finjo.
Descuro as regras que desenhei. E acerto contas com os pecados. Entre as euforias e os desalentos assumo a perda do comando. Renuncio à verticalidade. Sujeito-me à letargia.
Ficarei perto do que sinto ser certo. Até ao dia em que mudar de opinião.
2 comentários:
Lindo.... simplesmente fantástico!
Obrigado. E benvinda.
Abraço.
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