Vejo-a excomungar a pele. Arrancar partículas de ser. Esmagar entre os dedos a flacidez da carne. Vejo-a contorcer o corpo como se dele se pudessem esvair as tormentas que se açoitam lá dentro, angustiadas.
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Vejo-a lançar as unhas ao rosto, em gestos de ressaca esquizofrénica. Vejo-a sová-lo. Coagi-lo. Obrigá-lo a recuperar a coragem arrasada. Impor-lhe objectividade. Vejo-a tentar repor o orgulho, outrora içado aos céus com a leviandade dos pés agora perdidos.
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Vejo-a largar-se abandonada. Olhos húmidos, revoltos, agonizantes, moribundos. Degolados num sal adocicado sem torneira de segurança. Vejo-lhe a raiva e a repulsa, intermitentes com o desamparo e a miséria.
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Aconchego-a nuns braços feios, frágeis e imundos, sabendo que hoje são eles o seu único colo.
3 comentários:
Brincado com a cronologia do teu blogue:
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O tempo são tempestades de mentiras, com contornos de sonhos, de buscas pela (i)maturidade, pela sensatez da cegueira e da sorte.
As sentenças de crescer no regresso àquele aroma de Natal, nas estações que, de regresso, descobri.
À distância, um pormenor (puzzles de distúrbios).
Os "flashes" dificultam os vestígios da sabedoria que, num Domingo, e te trouxeram felicidade.
Uma banalidade, talvez, mas aquelas asas plagiadas, endurecidas pela chuva do fim-de-semana,nem as flechas impediram-te atingir o limiar das distâncias.
A ti, o mesmo de sempre!
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Deixei umas partes e não repeti nenhuma.
Foi feito um pouco à pressa, mas aqui fica.
Obrigado.
Beijo.
Adorei mais uma vez, mas outro texto dos quantos tu escreves que transmitem signficados que nem eu propria sei decifrar.
Fica bem!
Lilly//*
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