Andaram para aí a dizer que chovia. Que o céu se iria abater sobre os incautos. Que o negro opressivo das nuvens cobriria o aconchego do Sol. E que os deuses se vingavam agora da descrença dos homens.
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Andaram para aí a dizer que viriam tempestades. Ventos rudes. Ondulação emotiva. E frios lacerantes. Juntos desabariam sobre o mundo que conhecemos, fustigando as almas algemadas e aprisionadas.
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Mas hoje o azul que limita estas terras transbordou do mar e arrastou-se aos limites da visão. Criou uma pintura de tonalidades múltiplas, expandida a todas as direcções do olhar.
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Hoje o dia apoderou-se do recanto da noite e venceu esta batalha de lugares-comuns. Hoje, enquanto escrevo estas linhas, há ainda a maior das estrelas a brindar-me o tempo e a acompanhar-me as horas.
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Porque a chuva, o vento, o frio e as tempestades apenas existem para além destes ossos. E só com permissão transgridem essa barreira.
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