16 julho 2010

clandestino

Libertou-se a poeira e a fuligem. Talvez também as amarras e as mordaças. Na clandestinidade, exilados, espreitam agora os raios de sol pela penumbra dos corpos. Movem-se ainda as sombras, numa só, em passos de sedução e sensualidade. Em jogos de partilha e entrega. Em gestos de curiosidade e descoberta. Resistência e rendição ultimam-se na obscuridade. Balançam-se numa simbiose isenta de contestação.

Entre os muros que encerram estas horas, distantes da castração e do julgamento, corre mais vida que em todos os pedaços de terra que se ceifam lá fora. As fracções de existência adquirem outra dimensão. Não questionam. Não interrogam. Não impõem balizas. Aquietam-se os pudores. Despertam-se vicissitudes.

Não somos anjos ou demónios. Não somos escravos nem ditadores. Somos apenas dois. Perdidos numa noite só. Achados numa esfera de amores infames e desmedidos. Numa história ficcionada mas convicta de realidade. Termina a viagem. Chegamos, por fim, a casa.

1 comentário:

luigiee disse...

adorei o ultimo paragrafo!

escreve mais!

andas mto parada ultimamente!

luis