Só hoje. Só por hoje. Senta-te aqui. Ocupa o lugar que o tempo deixou vago. Só por um pouco. Por um instante efémero. Ou pela infinidade dos dias. Senta-te aqui. Acolhe-me a companhia. Aqui, à soleira da porta. No morno aconchego do entardecer. Ou em qualquer outro lugar.
Silêncio. Lancemos para longe as palavras instantâneas. As frases feitas. As justificações. Os desconfortos. Hoje. Só por hoje. Entreguemo-nos ao sossego. Inertes.
Senta-te aqui. Fiquemos apenas lado a lado. Sem os teus dedos a tocarem os meus. Sem a alma a roçar a pele. Afastemos, imunes, a poeira que corre lá fora.
E hoje. Só hoje. Só por hoje. Por um instante apenas. Efémero ou infinito. Senta-te aqui.
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