27 abril 2010

carne

O corpo resiste. Persiste. Subsiste. Teima. Aguenta-se. Um pouco mais. Sempre um pouco mais. Socorre-se de baterias alternativas. Recorre a veias e artérias inutilizadas – estreitos que sustentam inusitadamente a sobrevivência.

Corre, desbravando e irrompendo, a energia que não se finda. Não se funde ao cansaço, ao desgaste, à fadiga. Não se finda. Reinventa-se. E o esqueleto lá caminha. Mais ou menos atordoado. Mas hirto. Erecto. Separando o essencial do acessório. Rentabilizando recursos. No encalço de um objectivo.

Ainda me surpreende a resistência desta casca que nos cobre a alma. Ainda me fascina a intermitente capacidade de desafiar as ciências naturais em prol não da carne mas daquilo que a atravessa e que a supera sem barreiras.

1 comentário:

jonas disse...

palvaras simples e belas.