Dias há em que resmungo. Em que rezingo. Em que me zango. Em que abro as goelas ao mundo, aos outros e a mim própria. Em que grito murmúrios eloquentes e persuasivos. Em que amaldiçoo a terra e as gentes. Em que apregoo a consciência de uma decisão irreflectida.
Dias há em que discuto e argumento. Em que me esmifro em objecções. Em que transformo a base da pirâmide hierárquica que ocupo num posto exímio de contestação.
Dias há em que duvido e ponho em causa. Em que pondero.
Hoje lembrei-me de todas as cláusulas que me fizeram chegar aqui. Recuperei os valores que me lançaram nesta viagem pouco certa que, aos poucos, vou descobrindo e conquistando. E se dias há em que nem os argumentos mais aprimorados me parecem credíveis, outros há também em que as verdadeiras razões regressam à tona da minha moral.
Sim, hoje sei que, apesar de todas as contradições, é como jornalista que faço sentido.