22 março 2010

primavera

Não sei se terá sido a mudança das estações. Não sei se terá sido a contínua rotação da Terra. Ou um novo alinhamento dos astros. Não sei se terá sido a rejuvenescedora chegada da Primavera. O odor a pólen ou o aroma a marezia. Não sei se terá sido a tarde ensolarada de domingo. Ou o calor ameno e reconfortante desta noite de silêncio e de luar.
.
Sei que, mais uma vez, mudaram as marés. O vento parou de soprar. Fez as pazes com os aflitos. A chuva recolheu-se, exausta e melancólica. São ambos imprescindíveis. Mas hoje era essencial sentir que haviam mudado de rota. Que se haviam desinteressado destes ares e destas gentes. Hoje era essencial sentir que a turbulência que acarretam e que tanto me fascina havia, mesmo que momentaneamente, sido substituída. É saudável sentir longe os abismos e as tempestades, consciente da sua teimosa atracção.
.
Os dias podem, afinal, ser descomplicados. Descomplexados. Tão simples quanto a entrega ao ócio e aos prazeres do vagaroso correr das horas. Tão plenos quanto o caminhar, despreocupada, entre os outros, sabendo que à minha margem caminha alguém tão descontraído quanto eu.

Sem comentários: