Sexta-feira. 16 horas. Uma explosão num centro comercial em Tavira. Na redacção soube-se às 17. Trabalho. Adrenalina. Merda. Dois feridos. Prognóstico reservado. Merda. O Vasco trabalha lá. Merda.
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Arrumo tudo o que preciso e que se encontra sempre espalhado pela secretária. Preparo-me para ir para o local do acidente. Ponho o saco ao ombro e agarro no telemóvel.
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Não liguei para a administração do centro comercial. Não liguei para as entidades policiais, para os bombeiros ou para o hospital. Merda. É o Vasco que trabalha lá. Merda. Liguei ao Vasco.
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Deixei a informação para segundo plano. Deixei o meu trabalho de lado. Esqueci-me do meu papel naquele momento. Merda. O Vasco está lá. Só depois de ouvir a sua voz e de saber que ele estava bem é que agarrei na lista de contactos e fiz o que era suposto.
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Se fui uma boa profissional? Talvez não. Se fui uma boa jornalista? Provavelmente não. Se tomei a decisão correcta? Certamente que sim. Adoro o que faço. Fazê-lo enche-me os poros de vida. Mas primeiro estarão sempre as pessoas e nunca as situações. Primeiro estarão sempre aqueles de quem gosto em detrimento de tudo o resto que eu possa gostar de fazer.
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