22 abril 2008

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Mudei-me. Mudei de habitação. Há já algum tempo. Mas só agora me apeteceu falar nisso.
Mudei o poiso de mim mesma - rapariguinha citadina, habituada a palmilhar as ruas da cidade repletas de gente e de luz - para me deixar engolir pelo silêncio quase inquietante do campo.
O lado bom: só vejo pessoas quando me apetece, não tenho visitas quando não quero porque ninguém sabe como lá chegar, e de ruído só ouço os galos que teimam em sofrer de insónias.
O lado mau: não vejo pessoas nem embirro com elas, não há cafés onde me abrigar em noites de vagabundagens, e para me manter dentro do mundo tenho de percorrer dois quilómetros de carro para chegar a qualquer lado que não é mais do que uma aldeola aparentemente perdida num espaço ainda em desenvolvimento.
O lado chato: por trás de casa não há luz, o que significa que todas as noites me roço pelas paredes à procura da entrada.
O lado irritante: esqueço-me sempre que agora moro no campo, ou seja, cada vez que saio do carro, atolo as botas em poças de lama.
O lado nem bom nem mau: quando chove encontro sapos a saltitar junto à porta e a minha cadela a olhar estupidamente para eles.
E, já agora, o meu obrigado ao Sérgio por me ter oferecido a fotografia que compõe a primeira peça colocada nas paredes da minha nova habitação.

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