Atrai-me a melodia que as letras produzem
quando agarradas umas às outras. O abraço que desenham ao tomar corpo. O peso
da própria palavra se desestruturada. Convicta e segura se completa. Instável
se separada. Como se cada vocábulo entoasse a canção que Pink Floyd compôs. Together
we stand. Divided we fall. Novembro.
Novembro despoleta uma dança
silábica, erótica e sensorial, entre a língua e os lábios. Tango. Sedução,
cedência, aproximação, ruptura. Repetição. Sem pressa ou atropelo, Novembro
beija e repele. Novembro tem fim aberto. Suspiro que envolve e fascina.
Novembro. NO-VEM-BRO.
Novembro tem firmeza e convicção.
É sensual e dominante. Exuberante. Provocador e intenso. Novembro exibe-se. Alicia
e corrompe de tão confiante. Novembro impõe-se. E revela-se altivo em cada uma
das suas dimensões.
Novembro revestiu-se de arrogância
quando o desafiei. E eu perdi. Ingénua, pu-lo em causa e, sedento de
exuberância, ele atacou, silencioso. Atraiçoou-me. E eu perdi. Novembro chamou
por mim e apunhalou-me. Agora castiga-me.