No expectations, dizes tu. E o fogo, a alastrar em mato seco,
queda-se perante o esmorecimento, expectante. Cede à frigidez da terra, na ausência
repentina de combustível, e dissipa-se.
No expectations, dizes tu. Como um pedido de desculpas
precoce, atempado, na ânsia de desresponsabilização pelos danos que o incêndio
possa provocar. Conheces a história e decoraste o desfecho,
inflexível à eventualidade de uma reviravolta. Detesto cobardes!
No expectations, dizes tu. Porque grandes expectativas geram
grandes desapontamentos, justificas, afastando da consciência a culpa, num acto
intrínseco de protecção. Haverá vazio maior que viver sem expectativa?
Cumpro o papel cordial de te dar resposta, já sem género
definido, e aceno. No expectations. Rendo-me. E as explosões enclausuram-se e
perdem fôlego. O fogo extingue-se. E o incêndio é controlado antes de
acontecer. É o fim antes do início ter tido tempo de ser sonhado.
É a possibilidade de magia desfeita, numa ofensa à
acidentalidade do amor. É o ideal de liberdade a agrilhoar mais que a solidão,
na ilusão utópica de que é possível viver sem correr riscos emocionais. Almas
quietas vivem mais tempo. Mas morrem mais cedo.
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