Vejo a lua rasgada por dedos de céu. E nuvens que cospem lágrimas de gélida sobriedade. Vejo o ar, frouxo, entranhar-se-me no tutano. E o pó, insonso, estranhar-me ainda a pele. Vejo o mundo de um poiso diferente. E os outros do mesmo lugar. Sempre assim. À mesma distância.
Sobreponho as escolhas aos deslizes. E avanço, brusca, no incógnito. Enceto o piso deste caminho embrionário. Não me amedronto. Nem me aquieto. Não aposto. Nem recuo. Adapto-me. Mas contrario a tendência. Forjo a integração. E esforço-me por quebrá-la. Refugio-me na falsa despreocupação do não querer saber. Sou cúmplice. E culpada. Vagabunda. E libertina. Solitária. E acomodada.
Sei que não é ainda aqui o destino dos meus passos trôpegos. Não é ainda aqui a residência oficial da minha felicidade. Não é ainda aqui o fim. Nem tão-pouco o limite. Não é ainda aqui que encontro o meu baú na ponta do arco-íris. Não é ainda aqui que construo os alicerces e edifico a minha casa de chocolate. Não é ainda.
Absorvo a mudança. E usufruo da descoberta. Não risco troços no mapa. Mas assinalo os pontos de passagem. Trago a bússola no bolso. Saberei sempre para que lado está o norte.