Ofusco verdades que não controlo, não assumo nem admito. Oculto tensões. Disfarço desconfortos. Finjo um esforço ambíguo. Dissimulo pesares. Forço um querer, desprovido de espontaneidade. Camuflo o desgaste. E mascaro-me.
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Desvirtuo emoções. Deturpo sentimentos. Adultero felicidades. Afasto-me do essencial para me perder num subúrbio demente do viver.
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Mas é no conforto solitário sustentado por estas paredes que vejo os pés a arrastar-se. Farrapos já sangrentos que desgastam a frieza do chão e corrompem a carcaça que me veste.
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Esquissos. Encolho-me. Cubro-me, aterrada na possibilidade de nada mais ser que isto. E aqui fico, a lamber a própria carne, na cobardia de rejeitar o erro, o fracasso e a derrota.
2 comentários:
Estou de acordo com o Tiago. Escrever mais parece resultar :)
Espero, então, que as palavras libertem e aconcheguem.
Abraço.
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