Julguei poder agir livremente. Julguei ser detentora do controlo absoluto. Julguei-me até invencível. (Venham lá os abismos, as torrentes e os desertos!).
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Depois encalhei. Tropecei. Descaí. Os músculos cederam e eu perdi a força. Afrouxei as mãos nas teias de onde me pendia a rota. Senti-as oscilar. Balançaram e eu escorreguei. Puxei os cordéis para me agarrar. Tentei prender-me. Apoiar-me. Não resultou. Nada funcionou. Mudara a conjuntura e eu, de tão embrenhada no mundo que não sei se é meu se dos outros, mal notara.
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Soprou o vento mais forte. (Pareceu-me sentir o aroma da tempestade). Afoito, tomou ele as rédeas. E o meu rumo, tal as minhas crenças, denegriu-se. Enevoou-se. Esfumou-se. Por onde anda ele agora?
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Hoje, talvez também amanhã e no dia seguinte, concedo a mim mesma o prazer mutilador de me entregar à melancolia.
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