Soube-o ontem. Ele vem aí. Para pôr fim aos anseios. À solidão que assola algumas das noites de Outono. À angústia de ver passar os dias, os meses e as estações sem que algo de novo floresça.
Ele vem aí. Soube-o ontem. Vem aí. Entre dois dias célebres. 25 de Abril. Dia da Liberdade. E 5 de Maio. Dia de um homem de liberdade.
Faltam alguns meses. Mas ele vai chegar. São. Saudável. Cheio de vida e energia.
Imagino-o rechonchudo. Com cabelo negro e olhos de mouro. Com força suficiente para dar um pontapé numa estrela.
Imagino-o a rir. Depois a chorar. E a rir de novo.
Imagino-o a erguer os bracinhos nus à imensidão do céu. E a saudar a beleza inigualável do indescritível Alentejo.
Imagino-o em corridas de bicicleta. Em jogos de escondidas.
Imagino-o a rodar de braços em braços, feliz. Vivo.
Imagino-o a pedir beijos e abraços. A crescer. A dar-nos inúmeras alegrias.
Imagino-o repleto daquele amor que tanto temos para dar.
Imagino-o a devolver-nos tanta coisa que, aos poucos, fomos perdendo pelo caminho.
Imagino-o a dar-nos uma nova vida. E um novo sentido de existência.
Imagino-o connosco. De novo. E de volta.
Chama-se Pedro. Pedro Ferro. Um Pedro Ferro neto de um outro, que a história cedo tirou do mundo e de nós. Mas agora algo de especial se prepara para fazer regressar o alento que, tantas vezes, teimou em fugir-nos.
Esperamos ardentemente por ti, Pedro.
A tia,
Lisa