07 janeiro 2010

aversão

Há um guarda-chuva que não é gigante. Há um guarda-chuva no qual se abriga um número restrito de corpos, que em dia algum serão consumidos pela adversidade. Nele não cabe o mundo. Nele não cabe também o eterno acumular de torrentes. Nele cabemos apenas nós. Os poucos que somos. Os poucos que ainda vamos sendo. Os poucos que queremos ser.
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Soprarão fortes os ventos nos desertos. E cairão avalanches de chuva ao longo do percurso. Mas nem uns nem outros se atreverão a invadir o recanto protegido. Aqueles que o tentarem sairão tão ilesos quanto fragilizados. Aqueles que o ousarem escaparão tão imunes quanto indefesos.
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No guarda-chuva que não é gigante não cabe o mundo. Talvez não caiba mais ninguém. Os que tentarem usurpá-lo não receberão quaisquer frutos. Serão mal sucedidos. Porque o espaço escasseia até para os mais audazes.
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No guarda-chuva onde não cabe o mundo há aversão a intromissões.

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